Como o “dono” do Backstreet Boys ficou 4 vezes mais rico que Paul McCartney
André Barcinski
10/09/2018 05h59
Mas há um nome ligado à música e desconhecido do grande público, que tem mais dinheiro que todos esses quatro juntos: o sul-africano Clive Calder.
Calder tem 71 anos e um patrimônio estimado em US$ 4,7 bilhões, ou quase 20 bilhões de reais. E grande parte dele foi conseguido de uma vez, numa jogada financeira que entrou para a história da indústria musical.
No fim dos anos 1990, Calder era dono da Zomba, um grupo de gravadoras que incluía selos de rock, hip hop e tecnopop.
A gigante BMG, de propriedade do conglomerado alemão Bertelsman, havia comprado 25% da Zomba, com uma cláusula em que a Bertelsman se comprometia a adquirir os outros 75% da empresa por três vezes o lucro médio da Zomba dos três anos anteriores. A cláusula tinha data para terminar: 31 de dezembro de 2002.
Desde o início dos anos 1990, quando o "grunge" de Nirvana e Pearl Jam e o rock pesado de Metallica e Guns 'N' Roses estavam no auge, Calder pressentiu que a próxima onda da indústria da música seria o pop adolescente.No meio da década de 1990, Calder começou a contratar "boy bands" a rodo. O plano era engenhoso: ele iria concentrar seus maiores lançamentos dentro dos três anos anteriores ao fim da cláusula de venda da Zomba para a Bertelsman, para aumentar o valor da Zomba.
Calder gastou fortunas e contratou, de uma vez, Backstreet Boys, N'Sync e Britney Spears. O passo seguinte foi colocar o Backstreet Boys nas mãos de um produtor sueco chamado Max Martin, que ajudou o grupo a tornar-se a maior "boy band" do mundo, com 130 milhões de discos vendidos, deixando na poeira Jackson 5, New Kids on the Block e Menudo.
Nos três anos seguintes, Backstreet Boys, N'Sync e Britney Spears venderam 50 milhões de discos só nos Estados Unidos, e o lucro anual da Zomba chegou a 900 milhões de dólares. Em junho de 2002, Calder liquidou a empresa por inacreditáveis 2,7 bilhões, a maior quantia já paga a alguém na história da indústria musical.
Hoje, Clive Calder, o 441º homem mais rico do planeta, viva nas Ilhas Cayman, não gosta de aparecer, e viaja com freqüência para a África, onde mantém entidades filantrópicas.
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Sobre o autor
André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música da “Folha de S. Paulo”. Escreveu sete livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA). Em 2019, dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro”.
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