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Do grunge ao gótico: os muitos sons de Mark Lanegan

André Barcinski

14/08/2017 05h59


"Tenho dificuldade em dizer não", afirmou Mark Lanegan em recente entrevista à revista inglesa "Uncut". Lanegan falava sobre sua intensa e prolífica carreira de pouco mais de 30 anos, durante os quais lançou 10 discos solo, quatro discos em parcerias (um com o músico inglês Duke Garwood e três com a ex-cantora do Belle & Sebastian, Isobel Campbell), pelo menos oito discos com bandas como Mad Season, Gutter Twins, Queens of the Stone Age e o duo eletrônico inglês Soulsavers, além de inúmeras participações em discos de artistas como Moby, Unkle, Martina Topley-Bird, Mike Watt e The Walkabouts, entre muitos e muitos outros.

E essa lista não conta os sete discos de estúdio que Lanegan gravou entre 1986 e 1996 com sua primeira banda, o Screaming Trees. Quem não lembra disso aqui?

A carreira solo de Lanegan começou ainda em 1990, com o Screaming Trees a todo vapor. E o ecletismo de seus discos é notável: os primeiros remetem a Johnny Cash, Merle Haggard e o lado mais sombrio da música country; lançamentos posteriores passaram a incorporar elementos mais pop.

No início dos anos 2000, Lanegan começou a se interessar por sintetizadores e bateria eletrônica, até chegar a discos como "Blues Funeral" (2012) e "Phantom Radio" (2014), onde sua voz gutural e áspera dá um ar um tanto sombrio a músicas marcadamente eletrônicas e atmosféricas.

Mas nada poderia preparar os fãs de Mark Lanegan para seu novo disco, "Gargoyle". Imagine o Joy Division ressuscitando em 2017 e recrutando Lanegan para o lugar de Ian Curtis. É desse naipe.

Ouça a faixa "Nocturne" e diga se não lembra os sons góticos de The Sisters of Mercy, Siouxsie and the Banshees e o início do New Order:

E aqui, o clipe cabuloso de "Beehive":

"Gargoyle" está em altíssima rotação aqui em casa há um bom tempo. Top 10 do ano até agora.

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Sobre o autor

André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música da “Folha de S. Paulo”. Escreveu sete livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA). Em 2019, dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro”.

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Música, cinema, livros, TV, e tudo que compõe o universo da cultura pop estará no blog, atualizado às terças-feiras.