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Justin Bieber bate os Beatles - e diz muito sobre a indústria da música atual

André Barcinski

23/06/2017 08h58


Justin Bieber acaba de bater um recorde histórico dos Beatles. O cantor canadense de 23 anos teve duas canções no Top 3 da parada da revista "Billboard" por 13 semanas consecutivas, batendo a marca de 12 semanas que os Beatles obtiveram por duas vezes, em 1964 e 1969.

Bieber conseguiu o feito com as canções "Despacito" e "I'm the One". Nesta, ele canta junto a Chance the Rapper, Quavo e Lil Wayne.

Não foi a primeira vez que Bieber bateu os Fab Four. No fim de 2015, ele conseguiu a impressionante marca de 17 músicas simultaneamente no Top 100 da "Billboard", pulverizando a marca de 14 músicas dos Beatles em abril de 1964 e do rapper Drake, em março e outubro de 2015.

Os recordes de Bieber – e de outros artistas contemporâneos, como Adele, Rihanna, Drake, David Guetta, etc. – não vão parar por aqui. A tendência é que, nos próximos anos, marcas históricas de Beatles, Michael Jackson e Whitney Houston também sejam batidas.

A explicação é simples: o topo das paradas nunca foi tão monopolizado. Se nos anos 1960 a 2000 havia uma disputa intensa e eclética pelos primeiros lugares, isso deu lugar a um domínio quase completo de alguns poucos artistas. A nova geração tem muito menos competição do que na época de Beatles, Michael e Whitney.

Em 1986, 31 canções chegaram ao topo das paradas dos EUA. Elas eram de 29 artistas diferentes. Entre 2008 e 2012, só 66 canções chegaram a número um. E quase a metade era de seis artistas: Katy Perry, Rihanna, Flo Rida, Black Eyed Peas, Adele e Lady Gaga.

Outro recorde que cairá em breve é o do produtor musical com maior número de músicas no topo da parada norte-americana. Hoje a lista é liderada pelo genial George Martin(1926-2016), produtor dos Beatles e que obteve grandes hits também com Elton John, Wings e Kenny Rogers, que tem 23 músicas no número 1. Mas ele deverá ser superado em breve pelo sueco Max Martin, 46 anos, autor e produtor de canções pop como "Baby One More Time", de Britney Spears, "Since U Been Gon"', de Kelly Clarkson, e "I Kissed a Girl", de Katy Perry, que já tem 22 músicas no topo da parada.

Outro dado que mostra como as paradas estão cada vez mais monopolizadas: dos cinco artistas que lideram a lista de "mais semanas consecutivas no top 10", quatro estrearam nas paradas depois de 2010: Katy Perry, The Chainsmokers, Drake e Rihanna. A exceção é o grupo pop sueco Ace of Base, em quarto lugar, que teve seu apogeu de vendas nos anos 1990.

Resumindo: as pessoas estão ouvindo mais do mesmo, e tendência é de que isso se acentue nos próximos anos. E tem gente que ainda diz que a Internet foi boa para a música.

Um ótimo fim de semana a todos.

P.S.: O blog entra em férias e volta em 26 de julho. Até lá.

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Sobre o autor

André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música da “Folha de S. Paulo”. Escreveu sete livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA). Em 2019, dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro”.

Sobre o blog

Música, cinema, livros, TV, e tudo que compõe o universo da cultura pop estará no blog, atualizado às terças-feiras.