Flaming Lips: cada vez melhor - e mais esquisito
Acaba de sair o novo disco da banda norte-americana Flaming Lips LP, "Oczy Mlody". É o 14º álbum de estúdio dos Lips, sem contar um disco em parceria com a cantora pop Miley Cyrus e os cinco discos da série "Heady Fwends", em que a banda colabora com uma série de convidados especiais.
Em polonês, "Oczy Mlody" quer dizer "olhos do jovem". É um disco de psicodelia eletrônica sombria e bonita, que expande os experimentalismos eletrônicos e "ambient" dos LPs anteriores, "The Terror" (2013) e "Embryonic" (2009). Parece a trilha de um filme de ficção-científica e suspense.
AS QUATRO ENCARNAÇÕES DO FLAMING LIPS
Numa carreira de mais de 30 anos, os Lips, formados em 1983 em Oklahoma, passaram por diversas fases. Podemos dividir os discos deles em pelo menos quatro:
1 – Finalmente, os punks tomaram ácido (1983-1990)
Este é o nome da primeira compilação da banda, reunindo seus três primeiros discos: "Hear It Is" (1986), "Oh My Gawd!!!" (1987) e "Telephatic Surgery" (1989). Eu incluiria na lista o quarto, o sensacional "In a Priest Driven Ambulance" (1990).
Essa fase é exatamente o que diz o título da coletânea: Wayne Coyne (vocal, guitarra) e o amigo Michael Ivins (baixo), fãs do hardcore de bandas como Black Flag e Dead Kennedys, entraram de cabeça no LSD e começaram a se interessar pela psicodelia de veteranos como 13th Floor Elevators, Captain Beefheart e outros.
A exemplo de grupos como Spacemen 3, Meat Puppets e Galaxie 500, os Lips perceberam que era possível fazer um punk rock lisérgico, abrindo mão da velocidade extrema do hardcore em favor de uma sonoridade mais eclética. Nessa fase ainda eram considerados, por alguns, como meros imitadores do Butthole Surfers.
Música fundamental do período: "Unconsciously Screaming"
2 – Os Malucos-Beleza (1992-1997)
Os Lips deixam um pouco de lado a sonoridade agressiva e lançam quatro discos um pouco mais acessíveis e pop: "Hit to Death in the Future Head" (1992), "Transmissions from the Satellite Heart" (1993), "Clouds Taste Metallic" (1995) e "Zaireeka" (1997).
O experimentalismo desses trabalhos se deve, em boa parte, à entrada, em 1992, do multi-instrumentista Steven Drozd, um virtuoso que viria a modificar profundamente o som da banda nos anos seguintes.
Aproveitando uma fase de grande popularidade do rock alternativo, devido ao sucesso de Nirvana e cia., o grupo tem seus primeiros sucessos no rádio e na MTV.
Música fundamental do período: "She Don't Use Jelly"
3 – O Pop Technicolor (1999-2006)
Período de maior sucesso comercial da banda, inclui os discos "The Soft Bulletin" (1999), "Yoshimi Battles the Pink Robots" (2002) e "At War With the Mystics" (2006).
Steven Drozd torna-se a grande força musical e transforma os Lips numa verdadeira orquestra psicodélica, fazendo discos ambiciosos e extremamente bem produzidos. Os shows viram celebrações extravagantes e surreais, com Wayne Coyne rolando por cima da plateia dentro de uma bolha de plástico.
Música fundamental do período: "Do You Realize??"
4 – Música triste para tempos sombrios (2009-2017)
Depois de três discos de pop solar e celebratório, a banda mudou de foco nos álbuns seguintes – "Embryonic" (2009), "The Terror" (2013) e "Oczy Mlody" (2017) – experimentando com sonoridades mais densas e melancólicas.
"The Terror" é um trabalho especialmente triste, gravado logo após a separação de Wayne Coyne de sua esposa e de um período em que Steven Drozd voltou a usar heroína.
Música fundamental do período: "Look… The Sun is Rising"
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