Você sabe o que o Google sabe sobre você?

Não é novidade que redes sociais como o Facebook e serviços de busca como o Google vivem de coletar dados sobre seus usuários e vendê-los para anunciantes. Mas será que o usuário está ciente de que dados, exatamente, essas empresas possuem sobre ele?

Dylan Curran, um irlandês desenvolvedor de web, fez uma pesquisa extensa sobre os dados que o Google tinha sobre ele, e publicou os resultados no jornal britânico "The Guardian" (leia a matéria completa, em inglês, aqui).

Aqui vai um resumo:

O Google sabe onde você esteve
Se você tem o sistema de localização ligado em seu celuar (eu tenho), então o Google sabe exatamente onde você esteve, e o tempo que ficou lá. Curran fez um mapa de todos os locais da Irlanda em que esteve nos últimos 12 meses, com data, hora, e o tempo que levou para ir de um local a outro.

O Google sabe tudo que você já buscou, mesmo o que você deletou
Segundo Curran, o Google tem um arquivo de seu histórico de buscas, compilado de todos os seus computadores. Assim, mesmo que você apague o histórico de seu celular, a empresa ainda mantém a data guardada de outros aparelhos.

O Google tem seu perfil de consumidor
A empresa cria um perfil de publicidade baseado na informação coletada sobre você, incluindo localização, sexo, idade, hobbies, carreira, interesses, status de relacionamentos , possível peso e renda.

O Google sabe todos os apps que você usa
A empresa sabe quando você usa os apps, onde você usa, e com quem interage por meio dos apps. Isso significa que eles sabem com quem você fala no Facebook, com que países você se comunica, e a que horas vai dormir.

A informação que o Google tem sobre você é imensa
Cullan descobriu que o Google tinha um arquivo de 5,5 GB sobre ele, o que daria aproximadamente 3 milhões de documentos de Word. Já o Facebook tinha menos: 600 MB, ou 400 mil documentos de Word. Isso inclui todos os emails que você já recebeu, mesmo os que apagou ou que foram marcados como spam.

O Google pode acessar sua webcam e seu microfone

E a cereja do bolo: o Google tem informação que você apagou
Cullan descobriu, na montanha de documentos sobre ele, arquivos que ele havia deletado, como documentos financeiros e até uma "chave" privada que ele usava para encriptar e-mails.

Claro que é possível reduzir – não eliminar – os dados pessoais a que o Google tem acesso, mas isso demanda um conhecimento técnico que a esmagadora maioria das pessoas não possui. A quase totalidade dos usuários do Google – eu, inclusive – não sabe utilizar opções de limite de acesso, e nunca achou que isso seria necessário.

E como isso afeta a sua vida?

Na seção de comentários da reportagem de Dylan Curran, há uma passagem interessante e muito reveladora. Um leitor escreve: "Não me importo que o Google saiba tudo sobre mim; não tenho nada a esconder e não faço nada de errado." Ao que outro leitor, que diz trabalhar com TI, responde: "Digamos que você tenha uma doença grave, conhecida apenas por você e familiares mais próximos. Na hora de renovar seu seguro-saúde, o valor subitamente aumenta. Isso vai acontecer porque sua informação privada foi passada para a empresa médica."

Você acha isso aceitável? Eu não. Não acho certo que uma empresa tenha acesso a detalhes da vida pessoal de bilhões de cidadãos.

Ninguém quer proibir Facebook e Google de existirem, apenas proibi-los de coletar e armazenar dados privados de seus usuários. E essas empresas têm a obrigação de avisar aos usuários, com clareza, o que vai acontecer quando eles apertarem o botão "Concordo" nos termos de uso.