"Spielberg" vale pelas cenas de bastidores
A HBO exibe "Spielberg" (veja dias e horários aqui), documentário de Susan Lacy sobre o cineasta Steven Spielberg.
O filme é um tanto careta no formato, usando a velha fórmula de entrevistas, clipes de filmes e fotos de arquivo. Mas um ingrediente torna o documentário especial, pelo menos para os fãs do diretor: as incríveis cenas de bastidores de filmagem.
Ver Spielberg dirigindo Henry Thomas, então com 11 anos, e Drew Barrymore, com 6, em "E.T" (1982) é sensacional. A maneira como ele interage com as crianças e extrai delas a emoção necessária a cada cena é brilhante. Poucos cineastas hollywoodianos demonstraram tanto talento para dirigir crianças.
Bem diferente – embora com resultados igualmente impressionantes – é o modo detalhista e obsessivo com que dirigiu Liam Neeson em "A Lista de Schindler". Neeson diz que chegou a pensar em desistir do filme no primeiro dia de filmagem depois que Spielberg passou horas dizendo como o ator deveria fumar um cigarro e soltar a fumaça pelo nariz, mas foi convencido pelo colega Ben Kingsley a persistir. "Um grande violinista precisa de um grande maestro", disse Kingsley.
Outras cenas interessantes mostram bastidores da conturbadíssima filmagem de "Tubarão" (1975), que deveriam durar 55 dias, mas chegaram a quase 200, e o trabalho do diretor em "Munique", talvez seu filme mais incompreendido e subvalorizado.
Alguns depoimentos são especialmente interessantes e sinceros, como o do dramaturgo inglês Tom Stoppard, que escreveu o roteiro de "O Império do Sol" e diz que considera o filme "sentimental demais".
Mas ninguém é mais sincero no filme do que o próprio Spielberg, que conta, entre outras coisas, como o divórcio dos pais foi um acontecimento tão traumático na vida da família (a mãe largou o pai para casar com o melhor amigo dele) que inspirou cenas em vários de seus filmes.
Um ótimo fim de semana a todos.
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