Ator de “Game of Thrones” faz Hervé, o anão mais alucinado da TV
O filme foi dirigido pelo inglês Sacha Gervasi e inspirado por uma entrevista que ele fez com Villechaize em 1993, dias antes da morte do ator.
Villechaize é interpretado por Peter Dinklage, de "Game of Thrones". O filme levou cerca de 15 anos para ser feito. Gervasi e Dinklage levaram o roteiro para vários estúdios, mas o projeto só saiu do papel depois do estouro de "Game of Thrones".
"Meu Jantar com Hervé" não é um filme ruim, mas a história de Villechaize merecia um tratamento mais criativo. O roteiro, escrito pelo próprio Gervasi, é bastante esquemático e inventa o personagem de um jornalista inglês, Danny Tate (Jamie Dornan) que divide o protagonismo com Villechaize. O problema é que a vida de Hervé Villechaize é tão interessante e caótica que ninguém vai se interessar pelo que acontece com o jornalista. Seus dramas pessoais são fichinha perto da tragédia que foi a vida de Hervé.
Nascido em Paris em 1943, em meio à Segunda Guerra Mundial, Hervé foi diagnosticado com um tipo de nanismo e renegado pela mãe, que passou a tratá-lo com desprezo. O pai, ao contrário, fez de tudo para tentar "reverter" a condição do filho, incluindo tratamentos bizarros à base de injeções de medula de ovelha na espinha.
Vítima de "bullying" na escola e na rua, Hervé buscou refúgio nas artes e virou pintor. Quando sua carreira parecia que iria decolar, decidiu mudar para Nova York, e em 1964 caiu no meio da efervescência "beatnik" do Greenwich Village. Decidiu ser ator.
Sua grande chance veio em 1974, quando ganhou o papel do bandido Nick Nack em "007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro" , em que contracenou com Roger Moore. Três anos depois, veio seu papel mais famoso: o de Tattoo, o assistente do misterioso Sr. Roarke (Ricardo Montalbán) em "A Ilha da Fantasia". Villechaize ficou famoso no mundo inteiro pelo grito na abertura da série: "O avião! O avião!".
Villechaize gostava de mulheres, drogas e álcool, e não era o tipo de economizar grana para tempos difíceis. Na época de "A Ilha da Fantasia", tinha um dos maiores salários da TV norte-americana, mas torrou quase tudo em orgias e festas. Depois de ser expulso da série por seguidas brigas com Ricardo Montalbán, nunca mais conseguiu levantar a carreira.
"Meu Jantar com Hervé" concentra o encontro do jornalista Danny Tate e de Hervé Villechaize em uma única noite de drogas e bebedeiras, quando o ator leva o repórter para um passeio de limusine por Los Angeles e conta sua história. O artifício de unir os personagens numa situação estranha e usá-la para relatar o passado de um deles não é exatamente novo, e as confissões de Villechaize soam um pouco forçadas e melodramáticas. Mas a história é tão boa que supera a dramaturgia meia boca. E Peter Dinklage mostra que é um ótimo ator.
P.S.: Esse texto já estava programado quando eu soube das mortes dos grandes cineastas Nicolas Roeg e Bernardo Bertolucci. Quarta-feira publico um texto especial sobre suas obras. Até lá.
Visite meu site: andrebarcinski.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.