Bombino, Sleep, Brian Jonestown... 5 discos novos para alegrar sua semana

Impressionante a quantidade de bons lançamentos de discos nos últimos dias. São tantos que resolvi fazer um apanhado com cinco destaques, sem ordem de preferência:

Bombino – Deran

Sétimo disco do excepcional guitarrista Bombino. Já escrevi sobre Bombino (leia aqui), um dos grandes nomes dos blues desérticos do norte da África. Em "Deran" ele continua sua mistura de rock, pop e sons Tuaregs.

Veja Bombino e banda tocando "Imajghane":

Sleep – The Sciences

Poucas bandas sabotaram a própria carreira como o Sleep: por volta de 1993/94, em pleno apogeu da cena "grunge" e no frenesi de contratos milionários oferecidos por grandes selos a qualquer banda pesada (até Melvins e Butthole Surfers assinaram com "majors"), o Sleep, que havia acabado de lançar "Holy Mountain" (1992), clássico da cena "stoner", recebeu uma oferta irrecusável e assinou com a London Records. E o que fez a banda? Trancou-se no estúdio com uma montanha de maconha e teve uma ótima ideia: gravar um LP inteiro de uma só música. O disco foi chamado, claro, de "Dopesmoker".

O resultado foi que a London se recusou a lançar o disco (que acabaria saindo na versão original apenas em 2003), e o Sleep meio que acabou. Os integrantes partiram para outros projetos. A banda retornou por volta de 2009, e agora lança "The Sciences", seu primeiro disco de inéditas desde "Dopesmoker". O som continua o mesmo: Sabbath até a medula. Uma das músicas leva o incrível nome de "Giza Butler".

Achei um vídeo de dias atrás, em que a banda toca "Marijuanaut's Theme":

Ryley Walker – Deafman Glance

Quinto álbum do violonista norte-americano Ryley Walker, um virtuoso que iniciou a carreira fazendo música acústica com pegada folk na linha de Nick Drake e Bert Jansch, mas logo alçou vôos mais ousados, colaborando com músicos de jazz e instrumentistas da cena de música experimental de Chicago. Seu penúltimo disco, "Golden Sings That Have Been Sung" foi um dos melhores lançamentos de 2016, e agora Walker lança "Deafman Glance", que traz influências jazzísticas ainda mais evidentes.

Não achei nenhum vídeo do disco novo, mas um trecho de um show do fim de 2017, em que Walker e banda tocam faixas do disco "Golden Sings That Have Been Sung":

The Brian Jonestown Massacre – Something Else

Não é só Courtney Barnett que parece incapaz de fazer um disco ruim: Anton Newcombe, líder do The Brian Jonestown Massacre, também está nesse time (leia aqui uma entrevista que fiz com ele em 2016).

No fim de 2016, Newcombe lançou "Third World Pyramid", um dos melhores discos da banda. Menos de cinco meses depois, veio outro, "Don't Get Lost", igualmente bom. E agora chega não um, mas dois discos: este "Something Else", e outro, prometido para setembro.

"Something Else" saiu há apenas uma semana, e não consegui ouvi-lo com a merecida atenção. À primeira audição, soou como uma espécie de volta às origens da banda, menos eletrônico e experimental, e mais Stones circa "Their Satanic's Majesties Request". Ouça aqui a primeira faixa, "Hold That Thought".

Wooden Shjips – V

Cinco anos sem um disco do Wooden Shjips é tempo demais. O único consolo é que, nesse tempo, o guitarrista e vocalista Ripley Johnson se dedicou a seu projeto paralelo, o fantástico Moon Duo.

"V" mantém a pegada tradicional do Wooden Shjips: um "space-rock" com teclados retrô à Suicide e uma levada "motorik" que lembra bandas alemãs como Neu!. A faixa "Already Gone" já é uma de minhas favoritas do ano:

Visite meu site: www.andrebarcinski.com.br