Três gigantes do cinema morreram – e pouca gente parece se importar
Nas últimas três semanas, o cinema perdeu três diretores muito importantes – e, coincidentemente, da mesma geração: no dia 15 de abril, morreu o italiano Vittorio Taviani, aos 88 anos; dia 21 de abril, foi a vez do brasileiro Nelson Pereira dos Santos, 89; e em 5 de maio, morreu o italiano Ermanno Olmi, aos 86.
As mortes não mereceram, na imprensa, o espaço condizente com a importância dos cineastas. Porque esses caras não eram diretores quaisquer; eles fizeram, cada qual a seu estilo, alguns dos filmes mais bonitos e relevantes do cinema.
Acho que o pouco espaço dedicado à notícia dessas três partidas tem a ver com a decadência da cinefilia e da pesquisa dos clássicos. Quase não existem mais cinemas de repertório, e serviços de streaming como Netflix, que hoje dominam o mercado, ignoram solenemente filmes antigos.
Se você não conhece o trabalho desses cineastas, sugiro tentar assistir ao menos o filme mais famoso de cada um deles.
VITTORIO TAVIANI
Bem antes dos Irmãos Coen, o cinema tinha outra dupla de irmãos que fez filmes arrebatadores: Vittorio e Paolo Taviani. Os Taviani faziam um cinema politizado, mas altamente lúdico e com imagens inesquecíveis, como "A Noite de São Lourenço" (1982), "Kaos" (1984) e "Bom Dia, Babilônia" (1987).
O filme mais conhecido dos Irmãos Taviani foi "Pai Patrão" (1977), inspirado na história real de Gavino Ledda, um autor e professor nascido numa vila pobre da Sardenha que teve de lutar contra um pai brutal, que o forçou a largar a escola para trabalhar como pastor de ovelhas.
NELSON PEREIRA DOS SANTOS
Nelson Pereira dos Santos fez vários filmes memoráveis, como "Rio 40 Graus" (1955), "Como Era Gostoso o Meu Francês" (1971) e "Memórias do Cárcere" (1984), mas sua obra-prima é mesmo "Vidas Secas" (1963), adaptado do romance de Graciliano Ramos. É um marco do Cinema Novo e um filme emocionante. Se a cena de Atila Iório sacrificando a cachorra Baleia não despedaçar seu coração, há algo errado com você.
ERMANNO OLMI
O italiano Ermanno Olmi fez dois filmes que me marcaram muito: "Il Posto" ("O Emprego", 1961), sobre um adolescente que abandona os estudos para tentar seu primeiro emprego, e "A Árvore dos Tamancos" (1978), sobre a vida de famílias de lavradores na região de Bergamo, na Lombardia. O título do filme se refere a uma árvore que um dos trabalhadores corta para fazer tamancos para que o filho possa ir à escola. É difícil pensar em um filme mais triste e comovente.
Visite meu site: andrebarcinski.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.