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Vem aí a melhor sequência de shows de rock que São Paulo já viu

André Barcinski

25/10/2017 05h59

Não sei se foi alguma conjunção cósmica ou um ataque de bom gosto dos promotores, mas o fato é que nunca tantos bons shows de rock aportaram por aqui em tão pouco tempo. Num período de 30 dias – de 9 de novembro a 8 de dezembro – pelo menos seis turnês imperdíveis passarão por São Paulo (infelizmente, apenas um dos artistas tocará em outras cidades). Na ordem:

Black Angels (9/11)


O sensacional quinteto texano de som psicodélico está no meio da turnê de lançamento de seu quinto álbum de estúdio, "The Death Song", e fará show único no Cine Jóia, em São Paulo, dia 9. A banda só veio ao Brasil uma vez, no festival SWU, em 2011, mas foi jogada no palco secundário, no meio da tarde.

PJ Harvey (14 e 15/11)


Quem viu PJ Harvey no Tim Festival, em 2004, com o Primal Scream, não esquece. Harvey volta ao país na turnê de seu disco "The Hope Six Demolition Project" e fará dois shows em São Paulo: dia 14, no Teatro Bradesco no Bourbon Shopping, e dia 15 no Popload Festival, no Memorial da América Latina, com Phoenix, Daughter, Neon Indian e Carne Doce.

Magma (26/11)


Poucas bandas têm um estilo tão pessoal quanto o Magma. Pra começar, esses franceses alucinados inventaram um novo idioma – o Kobaian – para utilizar em suas letras. A música é uma indescritível mistura de rock progressivo, jazz e experimentalismos de todo tipo. Por quase meio século, o Magma foi liderado pelo baterista Christian Vander, e agora faz seu primeiro show no Brasil, em data única, dia 26 de novembro, no Carioca Club, em São Paulo.

Sigur Rós (29/11)


Falando em bandas que cantam em idiomas inventados, que tal ver um show do Sigur Rós três dias depois do Magma? Essa grande banda islandesa – cujo vocalista, Jónsi, canta de vez em quando numa língua batizada de Vonlenska – tocou no Brasil uma vez, em 2001, num Free Jazz em que 99% da plateia estava lá para ver o Belle & Sebastian. A banda faz show único no Popload Festival, dia 29 de novembro, no Espaço das Américas, em São Paulo.

Acid Mothers Temple (30/11 a 3/12)


o grupo de rock experimental japonês desembarca no Brasil para quatro shows: dia 30/11 no Rio, 1/12 em Belo Horizonte, 2/12 em São Paulo (no SESC Belenzinho) e 3/12 em Santa Maria (RS).
Em setembro, escrevi sobre um show do AMT que vi na França:
O AMT tem pouco mais de 20 anos e é liderado pelo guitarrista Kawabata Makoto, um veterano da cena noise-psicodélica japonesa desde o fim dos anos 70. Nessas duas décadas, Makoto já lançou mais de 130 discos com o AMT. Alguns disc
O grupo tem três músicos excepcionais – o baterista Satoshima Nani, o baixista ST e o guitarrista Tabata Mitsuru – que fazem a base das canções, enquanto enquanto Makoto e o incrível Higashi Hiroshi (que parece uma versão japonesa do Mestre dos Magos) ficam livres para improvisar. Makoto e sua Stratocaster tiram distorções de Hendrix e insanidades de Zappa, enquanto Hiroshi pilota os sintetizadores e um theremin. O resultado é inclassificável, uma mistura psicótica de metal, psicodelia, free jazz, blues e progressivo. Já vi dois shows da banda, e o resultado é sempre o mesmo: ninguém conhece as músicas, mas em cinco minutos o público todo está urrando e pulando.

Neurosis (8/12)


Se você gosta de QUALQUER gênero de rock pesado, do metal ao hardcore, passando por industrial, stoner, thrash, doom, noise, black e outras vertentes extremas, não perca o Neurosis de jeito nenhum. A banda faz seu primeiro – e único – show no Brasil dia 8 de dezembro, no Carioca Club (SP).
Essa banda californiana nasceu há mais de 30 anos, fazendo um hardcore extremamente rápido. Com o passar do tempo, a velocidade foi diminuindo, mas o som do Neurosis tornou-se cada vez mais denso e cabuloso, incorporando elementos de progressivo e industrial. Absolutamente imperdível.

Parabéns aos promotores responsáveis pelos shows. E aproveitando a ocasião, aqui vai uma pequena lista de pedidos: que tal um mês com Killing Joke, Death Grips, Antibalas, The Brian Jonestown Massacre, Terakaft e Radiohead?

Sobre o autor

André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música da “Folha de S. Paulo”. Escreveu sete livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA). Em 2019, dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro”.

Sobre o blog

Música, cinema, livros, TV, e tudo que compõe o universo da cultura pop estará no blog, atualizado às terças-feiras.