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Adeus Don KB, que tanto fez pela música black

André Barcinski

06/03/2017 08h10

Don KB discotecando em 2003. Foto: Joca Vidal


A boa música precisa de grandes artistas, mas não sobrevive sem ter quem a divulgue. São Paulo teve – e ainda tem – muitos heróis anônimos da música, pessoas que ajudaram a popularizar determinados gêneros. São pessoas como Marco Badin, o Alemão, que há quase 20 anos leva na raça o seu Hangar 110, templo do punk na cidade (e que fechará as portas em 2017), o saudoso Marcos Z, que por anos discotecou os melhores sons góticos e pós-punks, e Alex Cecci, o Don KB, que infelizmente nos deixou sábado, dia 4 de março, aos 47 anos, vítima de um infarto.

Tive pouco contato pessoal com Alex, mas nas poucas ocasiões em que conversamos (ele promoveu festas em um clube do qual eu era sócio), sempre foi um sujeito extremamente educado, franco e organizado. Mais que isso, era completamente apaixonado pelo que fazia e pela música black, que tanto ajudou a popularizar em São Paulo.

Qualquer um que tenha pisado no Jive, o clube que ele liderou no início dos anos 2000, lembra como eram divertidas aquelas noites, com um público lindo e animado. Impossível esquecer algumas festas antológicas que ele promoveu no clube Piratininga e suas discotecagens no clube Urbano.

Naquela época, era raríssimo – pelo menos nas regiões mais "sofisticadas" de São Paulo – ouvir samba rock, gênero que Don KB ajudou a ressuscitar.

Aqui vai o Funk Como Le Gusta tocando o que foi certamente o maior hit das festas de samba rock, "16 Toneladas":

Achei também um depoimento de Don KB – que teve um importante trabalho como promotor de shows e eventos ligados à música negra – sobre sua carreira.

Don KB foi uma das figuras mais importantes da cena da música alternativa no Brasil e vai fazer muita, mas muita falta.

Sobre o autor

André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música da “Folha de S. Paulo”. Escreveu sete livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA). Em 2019, dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro”.

Sobre o blog

Música, cinema, livros, TV, e tudo que compõe o universo da cultura pop estará no blog, atualizado às terças-feiras.