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Duas grandes bandas do “eu sozinho”

André Barcinski

10/02/2017 05h59

Não são poucas as bandas que têm um integrante principal, aquele que compõe quase tudo, toca vários instrumentos e define os rumos sonoros do grupo. The Fall, Eels, Brian Jonestown Massacre, Bon Iver e, mais recentemente, Car Seat Headrest são alguns exemplos.

Nos últimos meses, dois discos estão em altíssima rotação aqui em casa, ambos lançados em 2016 por bandas do "eu sozinho": "Songs from the Pale Eclipse", do The Warlocks, e "Is the Is Are", do DIIV.

O primeiro foi dica do amigo Fábio Massari. Trata-se do sétimo álbum do The Warlocks, banda formada há quase 20 anos em Los Angeles por Bobby Hecksher – cantor, guitarrista, tecladista e muito mais.

"Songs from the Pale Eclipse" é viciante. Se você curte psicodelia dos anos 60 – 13th Floor Elevators, Love, Jefferson Airplane – , drones de guitarra à Velvet Undergound e o shoegaze de My Bloody Valentine e Ride, vai adorar. Aqui vai a faixa que abre o disco, "Only You":

Vale a pena conhecer os discos anteriores da banda, especialmente "Phoenix" (2002), "Surgery" (2005) e o recente "Skull Worship" (2013). Veja aqui a velvetiana "Shake the Dope Out" (2002), o mais perto que The Warlocks chegou de ter um hit indie…

Já o DIIV (pronuncia-se "daive", de "mergulho", em inglês) é propriedade de Zachary Cole Smith, um músico, diretor de clipes musicais e modelo que já fotografou e desfilou para Yves Saint Laurent. A banda foi formada no Brooklyn, em Nova York, por volta de 2011. "Is the Is Are" é seu segundo álbum.

O DIIV tem algumas semelhanças com o The Warlocks, especialmente a adoração pela microfonia do Velvet Undergound e My Bloody Valentine, mas traz também influências do pós-punk e do gótico de The Cure, Joy Division, Siouxsie e Sisters of Mercy.

Veja a banda tocando "Under the Sun" num programa de rádio:

Mais o som mais gótico do repertório do DIIV é "Doused" (2012), que é 100% Sisters of Mercy. Confira o clipe…

Um ótimo fim de semana para todos.

Sobre o autor

André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música da “Folha de S. Paulo”. Escreveu sete livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA). Em 2019, dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro”.

Sobre o blog

Música, cinema, livros, TV, e tudo que compõe o universo da cultura pop estará no blog, atualizado às terças-feiras.