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Dez canções para lembrar Leonard Cohen

André Barcinski

11/11/2016 04h39

Leonard Cohen morreu as 82 anos.

Fiz para a "Folha" uma análise da carreira e vida de Cohen (leia aqui).

No último dia 2, publiquei uma lista de minhas dez músicas prediletas de Cohen. Republico aqui a lista, em homenagem ao cantor e na esperança de que leitores que não conhecem sua obra se interessem em explorá-la.

UM TOP 10 DE LEONARD COHEN

Acaba de sair o 14º álbum de estúdio de Leonard Cohen, "You Want it Darker".

Leia aqui uma crítica do disco, que publiquei na "Folha de S. Paulo".

E aqui um texto sobre o show de Cohen em Madri, em outubro de 2012, uma maratona de mais de quatro horas de duração e um dos melhores shows que já vi.

Fiz uma lista de minhas dez músicas prediletas de Leonard Cohen, em ordem cronológica. Por favor mande a sua.

E para quem ainda não conhece a obra do compositor, sugiro começar pelo CD ao vivo "Live in London", de 2009, que traz um repertório excelente e bem representativo das várias fases de Cohen.

UM TOP 10 DE LEONARD COHEN

"So Long, Marianne", do álbum "Songs of Leonard Cohen" (1967)

Até hoje é uma das mais pedidas em shows. Uma homenagem à norueguesa Marianne Ihlen, companheira e musa inspiradora de Cohen em várias canções. Marianne morreu em julho passado, de câncer, aos 81 anos.

"Bird on the Wire", do álbum "Songs from a Room" (1969)

O maior elogio a essa canção veio do grande Kris Kristofferson, que disse que queria ter um trecho da letra impresso em sua lápide: "Como um pássaro no fio / como um bêbado em um coral da meia-noite / eu tenho tentado, a meu modo, ser livre".


"Chelsea Hotel #2", do álbum "New Skin for the Old Ceremony" (1974)


Descrição de uma noite quente de amor num quarto do famoso pulgueiro nova-iorquino, casa de músicos, escritores e fashionistas. Anos depois, Cohen revelou que sua companhia naquela noite era a cantora Janis Joplin. Depois, arrependeu-se pela indiscrição e pediu perdão ao "fantasma de Janis".

"The Guests", do álbum "Recent Songs" (1979)

Música lindíssima de um disco subvalorizado de Cohen, fala de uma misteriosa festa e seus convidados: "Os muitos de coração aberto / e os poucos de coração partido".

"Dance Me To The End of Love", do álbum "Various Positions" (1984)

No início dos anos 80, Cohen descobriu o sintetizador e sua música incorporou elementos do Europop de cabaré de Serge Gainsbourg. Esse clássico é uma valsa eletrônica, com uma letra das mais românticas de Cohen.

"I'm Your Man", do álbum "I'm Your Man" (1988)

Se eu tivesse de escolher um disco como o melhor de Cohen seria "I'm Your Man", que traz pelo menos cinco clássicos do repertório do compositor. A faixa-título é uma insinuante cantada em que, para satisfazer a amada, ele se transforma em médico, boxeador, motorista e até sadomasoquista.

"Tower of Song", do álbum "I'm Your Man" (1988)

Grande letra sobre o misterioso e inexplicável processo da criação artística. Cohen pede ajuda ao lendário cantor country Hank Williams, mas ele não responde, "cem andares acima de mim, na Torre da Canção". Uma obra-prima.

"The Future", do álbum "The Future" (1992)

Cohen parece falar sobre a perplexidade política e social pós-queda do Muro de Berlim e antevê um mundo caótico, em uma de suas letras mais políticas e irônicas.


"A Thousand Kisses Deep", do álbum "Ten New Songs" (2001)


Composta em parceria com Sharon Robinson (assim como todas as músicas desse disco), é uma das canções mais bonitas e românticas dos últimos trabalhos de Cohen.

"Treaty", do álbum "You Want it Darker" (2016)

Canção arrebatadora do mais recente disco de Cohen. Parece falar, novamente, de Marianne Ihlen, "um fantasma" com quem Cohen "nunca mais trocou uma palavra desde que ela partiu".

Um ótimo feriado a todos. O blog volta na quarta, dia 16.

Sobre o autor

André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música da “Folha de S. Paulo”. Escreveu sete livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA). Em 2019, dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro”.

Sobre o blog

Música, cinema, livros, TV, e tudo que compõe o universo da cultura pop estará no blog, atualizado às terças-feiras.