Topo

Aerosmith: "Você pode amar seu irmão, mas não precisa gostar dele"

André Barcinski

14/10/2016 05h59

steven-tyler-addiction-with-joe-perry
Sábado, dia 15, o Aerosmith sobe ao palco do Allianz Parque, em São Paulo, para o segundo de três shows de sua turnê brasileira, que termina dia 21 em Recife.

A banda vem ao Brasil em meio ao acirramento da duradoura troca de farpas entre seus dois integrantes principais, o vocalista Steven Tyler e o guitarrista Joe Perry, e a fortes boatos sobre o fim da banda.

Em entrevistas recentes, Tyler disse que o grupo fará uma turnê de despedida em 2017. A banda confirmou sua participação no Rock in Rio do ano que vem.

O cantor parece mais preocupado com sua recém-lançada carreira solo de cantor country do que com o Aerosmith. Seu primeiro disco solo, "We're All Somebody from Somewhere", lançado há três meses, estreou em primeiro lugar na parada de música country da "Billboard" (e 19o lugar no ranking geral de lançamentos).

Os companheiros de banda não ficaram tão entusiasmados. Ano passado, quando Tyler lançou os primeiros singles do novo trabalho, o guitarrista Brad Whitford disse: "Ele (Steven) parece acreditar que sua carreira solo vai estourar e não parece perceber – na minha opinião – que seus fãs em todo o planeta querem vê-lo no contexto do Aerosmith, e não se importam com o que ele acha que vai fazer".

Joe Perry foi ainda mais ácido. Ao ouvir algumas faixas do disco de Tyler, disse: "Steven está em Nashville fazendo o que ele quer. Ele tem uma p… de um chapéu de caubói e fica gritando 'Yippee ki yay!' Não sei o que dizer sobre isso". Tyler retrucou: "O ciúme é profundo no Aerosmith".

Na autobiografia de Perry, "Rocks – Minha Vida Dentro e Fora do Aerosmith", lançada recentemente no Brasil, ele fala com sinceridade de seus problemas de relacionamento com Tyler. A impressão é de que esses dois realmente não se bicam.
livroEm meio a várias histórias sobre Tyler tentando receber crédito pela maioria das decisões criativas da banda e exigindo mais dinheiro do que os outros integrantes (uma história diz que o cantor teria pedido um pagamento maior do que os outros para liberar uma música para o videogame "Guitar Hero", sobre a qual Perry comenta: "Que eu lembre, o game se chama 'Guitar Hero', não 'Vocal Hero'), Perry faz inúmeros comentários pesados sobre seu companheiro.

"As brigas entre Steven e eu nunca pararam (…) depois de cada show, nosso camarim virava um campo de batalha. Quem via nossas discussões poderia achar que estávamos a ponto de matar um ao outro".

Em entrevistas durante o lançamento do livro, Perry disse que Tyler sempre esteve mais interessado na adoração dos fãs e na fama do que na música. Sobre o status de seu relacionamento com Tyler, disse:

"Você pode amar seu irmão, mas você não precisa gostar dele. Nós temos nossas fases boas e ruins. De vez em quando ele fala alguma coisa na imprensa e eu penso: 'Que diabos ele está dizendo?', mas na próxima vez que nos encontramos, ele é só beijos e abraços. Ambos sabemos que a banda é maior do que nossas brigas ou reconciliações."

Sobre o autor

André Barcinski é jornalista, roteirista e diretor de TV. É crítico de cinema e música da “Folha de S. Paulo”. Escreveu sete livros, incluindo “Barulho” (1992), vencedor do prêmio Jabuti de melhor reportagem. Roteirizou a série de TV “Zé do Caixão” (2015), do canal Space, e dirigiu o documentário “Maldito” (2001), sobre o cineasta José Mojica Marins, vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Sundance (EUA). Em 2019, dirigiu a série documental “História Secreta do Pop Brasileiro”.

Sobre o blog

Música, cinema, livros, TV, e tudo que compõe o universo da cultura pop estará no blog, atualizado às terças-feiras.